Crítica

Bailarina, de John Wick, e o cinema de ação enquanto arte

Filme estrelado por Ana de Armas aposta em visual sofisticado e ação coreografada para se destacar no gênero. Leia a crítica completa

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Still do filme Bailarina (2025) mostrando a personagem principal, interpretada por Ana de Armas
Bailarina, de John Wick, mostra o cinema de ação enquanto arte (Imagem: Divulgação/Lionsgate)

Protagonizado por Ana de Armas, Bailarina é o primeiro derivado da franquia John Wick e acabou de chegar aos cinemas. O longa, que se a entre o terceiro e o quarto filme da quadrilogia principal, acompanha uma jovem bailarina treinada por um grupo de assassinos, que busca vingança pelo assassinato de seu pai.

O filme ainda conta com nomes como Anjelica Huston, Ian McShane, Lance Reddick, Gabriel Byrne, Catalina Sandino Moreno, Norman Reedus e Keanu Reeves, reprisando seu icônico papel.

Derivado com estilo próprio e DNA da franquia John Wick

Ao ler essa sinopse, é fácil lembrar de inúmeros outros filmes de ação com premissas similares. Mas o diferencial de Bailarina está na sofisticação por trás de sua execução. Com visuais marcantes e bem definidos, o longa transforma sua premissa simples e batida em algo maior.

Apesar de ter a direção assinada por Len Wiseman, da franquia Anjos da Noite, a história que corre nos bastidores é que Chad Stahelski, conhecido por encabeçar a quadrilogia John Wick, assumiu a direção em um processo de refilmagens extenso, após a recepção negativa das sessões-teste originais.

Tendo começado no cinema como dublê de ação, Chad Stahelski se provou um diretor extremamente interessante ao estrear no John Wick original. Ao longo da franquia, é possível perceber a evolução dele enquanto diretor e, seu domínio da câmera enquanto instrumento é, no mínimo, impressionante.

Cenas de ação como espetáculo visual

O diretor usa sua experiência para registrar cenas de ação da forma mais competente possível. Combinando uma coreografia exemplar, suas habilidades com a câmera, e um trabalho de iluminação impressionante, Stahelski coordena suas cenas de ação como um espetáculo.

É difícil dizer se o mérito da direção é de Wiseman ou de Stahelski, mas fato é que o DNA da franquia John Wick e de tudo o que fez esses filmes funcionarem em primeiro lugar está mais que presente em Bailarina.

Os visuais estonteantes e as cenas de ação maravilhosamente bem coreografadas se mantêm firmes, à medida que o filme busca encontrar um espaço único que o diferencie do restante da franquia — o que acontece no terceiro ato.

São nessas cenas de ação que o filme realiza com primor sua técnica, e mostra a que veio. Além de extremamente divertidas, as cenas de ação são lindas, bem filmadas e com uma fotografia sensacional. É impossível não se encantar ao ver como o diretor realiza essas cenas.

Ana de Armas mostra versatilidade no gênero de ação

Isso não significa, porém, que o filme não tenha problemas. A primeira metade do filme leva um tempo para se encontrar, alternando entre cenas de ação interessantes e momentos expositivos, que o filme não parece interessado em realmente desenvolver. Esses momentos, porém, dão espaço para Ana de Armas mostrar ainda mais do seu talento.

Tendo estreado no cinema de ação com um papel pequeno, porém bastante divertido em 007 – Sem Tempo Para Morrer, Ana consegue se provar como uma estrela do gênero.

Aqui, interpretando uma personagem completamente diferente da que viveu em 007 ou em Entre Facas e Segredos, por exemplo, de Armas consegue mostrar uma nova faceta em sua interpretação e também em sua performance corporal, tendo realizado grande parte de suas cenas de ação.

Um olhar mais atento ao cinema de ação

A verdade é que o cinema de ação ocupa um lugar bastante específico no imaginário popular. O público geral, muitas vezes, não dá a devida atenção a esse tipo de filme, por conta do grande número de produções insípidas do gênero. Da mesma forma, muitos entusiastas do cinema tratam este segmento como um tipo inferior de arte.

Por isso, ao assistir um filme como Bailarina, é interessante refletir sobre as escolhas criativas e técnicas tomadas na realização da obra. Não é só sobre o que está na tela, mas sobre como aquilo é mostrado e, assim como em John Wick, Bailarina mostra que, com o diretor certo, até o grotesco pode ser belo.